30 maio 2008

Debates na Assembleia da Republica

Pelo que entendi, hoje vai haver um debate na assembleia da republica sobre carjacking. Debateu-se entretanto a crise dos combustíveis e a lei do trabalho.

É de mim ou há aqui um problema de prioridades? Como é que se pode discutir um tipo de crime? Já houve dezenas de milhares destes crimes para que se tenha tornado um tópico relevante em termos políticos ou é simplesmente um artefacto para discussão pseudo-politica como tantas outras a que as democracias ocidentais infelizmente nos habituaram?

Sou um ser politico assim como espero que cada um de vocês também o seja. O problema não é a politica, o problema são os políticos. Politica na sua essência é um bem precioso de qualquer democracia, mas salvo raras excepções, os políticos modernos parecem ser um bando de profissionais falhados que optou por uma segunda escolha, mais fácil, mais intrinsecamente despreocupada que é tomar conta das politicas da nação, sem serem responsabilizados e vagueando lentamente no mar dos órgãos de comunicação social que criam e moldam o debate e a opinião pública como bem entendem, ou seja, como lhes dá mais lucro.

27 maio 2008

Cão vs. Bébé


A pergunta mais frequente que tenho ouvido é se está tudo bem com mãe e filha. Aposto como isto não vos espanta, mas e se eu vos disser que a segunda pergunta mais frequente é "como reagiu o Giga?"

Quem o conhece ao vivo ou lê este blog nem deve dar conta o quão fácil é relacionar-se com o Giga. Este cria uma empatia com as pessoas que embora comum entre animais, tem contornos de espanto no que toca a este canídeo.

Para satisfazer o maior número possível de curiosos, aqui fica o relato da reacção do Giga em relação à Daniela.

Quando o Giga chegou a casa, depois de voltarmos da maternidade, já devia ter o cheiro da miuda captado até porque quando cheguei ao pé dele, me cheirou como se não houvesse amanhã. No entanto isso não lhe chegava. Pata dento de casa e correu para o quarto onde estava mãe e filha. Depois de lhe desviarmos a atenção para a dona (para evitar ciumeira no futuro) deixámos que se aproximasse do berço. Ergueu-se nas patas traseiras enquanto tentava ver ao que correspondia o cheiro.

Mais tarde peguei na Daniela e sentei-me no chão. O Giga veio louco ver o que se passava e aos avisos de "Devagarinho", acalmou e cheirou, cheirou, cheirou sem nunca lhe tocar. Foi assim que o Giga conheceu a Daniela e da curiosidade veio o instinto. O primeiro sinal foi o primeiro biscoito que lhe dei depois de ele a ver. Em vez de o ir depositar no tapete da sala, subiu ao quarto e comeu-o lá ao pé dela.

Hoje, passados um par de dias, cheira-a e olha para ela sempre que está num local onde lhe possa chegar. Já conseguiu apanhar-nos distraídos e aviar-lhe umas lambidelas no rabo e nos pés, mas as outras vezes, em vez de a lamber directamente, lambe-me a mão que está a segurar ou a mão da dona que já a segurou.

Ao mínimo som, levanta as orelhas e solta um som de choro, avisando-nos que daí a poucos segundos é a bébé que vai chorar e está alerta seja a que horas for.

23 maio 2008

Confirma-se....


... é mesmo a melhor coisa do mundo.

16 maio 2008

Ausência

Amigos, amigas... homens, mulheres, indefinidos, animais, vegetais ou minerais*.

Como sabem, aproxima-se um dia importante. Daqui a umas dezenas de horas vou ser papá. Isso e projectos paralelos dão-me cada vez menos tempo para escrever no Blodasse. Não que presuma que vá deixar de escrever, simplesmente não tenho tido disponibilidade mental para o fazer.

É por isso natural que tenham a sorte de deixar de me ver durante uns dias consideráveis, não que eu não venha aqui apresentar a fedelha, porque prometo que venho. Mas enquanto as coisas não acalmarem e eu não souber como me chamo, de onde venho e para onde vou, enquanto andar a cagar os dedos e atinar com a muda das fraldas, enfim, enquanto tiver a tentar entender onde se muda o óleo ou como se reinstala o sistema operativo, é natural que não dê as caras.

Por isso, não temam, que voltarei em breve e por ser babado e estar feliz, tenho a certeza que esta será a thread mais comentada deste blog. Se o for, fica aqui a promessa que cada mensagem será usada com um tom de voz suave para embalar a menina, dizendo-lhe também os créditos da mensagem. Embalar um recém-nascido com os disparates dos "tios do Blodasse".

Digam lá se é ou não um desafio giro. :)

* gasosos inertes não frequentam o Blodasse

13 maio 2008

Cão vs. Bufa

O canídeo cá de casa... o puto peludo... o Giga. Não sei que raio anda a comer o cão que tem largado bufas com alguma frequência.

Embora seja relativamente cómico afirmá-lo publicamente, é ainda mais interessante relatar-vos o que faz o bicho quando larga a chamada bufa ou o arroto tripeiro ou ainda suspiro intestinal... escolham por favor o termo que vos ofender menos.

Ora o gajo, projectado odor e som, olha para trás espantado, como se o local de saída não fosse comandado pelo próprio. Fica com um ar pensativo e algumas vezes olha para mim ou para a dona como quem diz: "Alguém se bufou..."

Havendo traque mais pronunciado, cheira o seu próprio rabo, como quem diz "mas que raio... eu conheço este cheiro! AH! É daqui!" e segue a sua vidinha.

12 maio 2008

O último dos românticos

Tenho evitado falar de futebol no Blodasse. Ainda fiz umas piadas no inicio mas depois deixei-me disso. Achei e acho que o futebol moderno não tem classe suficiente para gastar o meu precioso tempo com posts no Blodasse.

Mas decidi abrir uma excepção e esta vai para quem merece, para o último dos românticos do futebol mundial.

Ontem, Rui Manuel Costa despediu-se dos relvados e são tantas as memórias que deixa para trás.

O miúdo que chorou porque chegou atrasado e que por isso não recebeu o equipamento para apanhar bolas foi poucos anos depois o marcador do golo decisivo que deu o campeonato do mundo de sub-20 a Portugal subiu a escadaria até se tornar o "Número 10", o mítico número do Benfica.

Num mundo onde impera o dinheiro, saiu do clube do seu coração para o clube que dava mais pelo seu passe mas menos de salário, novamente por amor ao clube. Podia ter ido para o poderoso Barcelona mas foi para a Fiorentina. Aí tornou-se o "Príncipe de Florença" e aí marcou o golo que afastou o Benfica, o seu Benfica, de uma competição europeia e chorou.

A falência do clube da cidade de Michaelangelo levou-o até à melhor equipa do mundo: o AC Milan onde ganhou o cognome "Il Regista"... "o Maestro" e aos 34 anos voltou, como prometeu que faria, para terminar a carreira no seu clube. Do AC Milan saiu com dois pupilos, hoje muito maiores do que ele: Pirlo e Kaká, ambos seus fãs incondicionais como ele o é de Carlos Manuel.

Ontem chorou outra vez e eu chorei com ele. Só me emocionei a sério com futebol por três vezes e a última foi ontem.

Obrigado nº10, Principe de Florença, Maestro... Obrigado Rui, o último dos românticos.

11 maio 2008

Quantas FIs precisamos?

Um bom exemplo da velocidade a que vivemos é a nossa necessidade constante de criarmos nomenclaturas para tudo. Transitamos rapidamente de TFI em TFI e de TFI para FFI. Pergunto-me quantas FI's é que precisamos? Será que as FFI vão ganhar às FFI? Será que vai haver uma implantação das SFI?

Tudo perguntas sem resposta...

Assisti ao nascimento do CD e do DVD, dois TFIs com significados diferentes. CIA, FBI, NASA, NSI... será que os americanos são os verdadeiros experts em FIs? E quantas FIs vamos ter? FFI por si só é uma TFI o que trás ainda mais confusão à pergunta base: para nos entendermos, quantas FIs precisamos?

Na explosão das TFIs estiveram marcos tecnológicos como o HDD, o CPU, a RAM, o CD, o DVD, o SO, mas tinhamos de complicar não é? E agora aí estão: HDTV, HDMI... as FFI, por clara falta de TFIs suficientes estão a ganhar terreno... onde é que isto vai parar?

08 maio 2008

Faltam 12 dias

Todos os dias aumentam os sinais de alerta. Muitas tarefas que, ao serem executadas, me atiram à cara um facto óbvio: vou ser pai... não é que não seja já, mas... ainda não é mesmo "a cena".

Pintar um quarto, receber mobília, ir escolher tapetes e cortinados. Ver quais são os tons de laranja que ficam bem com os tons de verde... hmmmmm... e esta, muito divertida: tentar entender qual o tamanho das fraldas que um recém-nascido precisa... eu sabia lá que haviam fraldas de tamanho diferente!

Nada disto no entanto me fez sentir pai. Nada... todas estas tarefas passavam por mim apenas e só para serem cumpridas na exacta necessidade do momento. Era irrelevante se eram ou não relacionadas com a minha filhota.

Mas há dias, quando anunciei a data do parto, fui ao hospital onde vai nascer o rebento. Ver o hospital já foi mais... coiso... sei lá...

E hoje de manhã, descontraidamente, fui visitar o infantário onde vai ficar a minha princesa. Como diria um qualquer inglês "Now THAT was a reality check!" até porque eles têm expressões bem giras para quase tudo, com a excepção quissá do "lambe-me os truços!" Ver as salas, crianças e bébés por todo o lado, a alegria, a excitação... vi crianças a darem os primeiros passos, a rirem.

Foi simplesmente realidade a mais para mim e tive de manter um sorriso palerma e um nó na garganta até voltar ao carro. Faltam 12 dias... e hoje a minha paternidade deixou de ser uma projecção dos que me rodeiam em mim, para passar a ser parte da minha identidade.

Não sei como se sentiram outras pessoas na minha actual situação, mas isto é uma altura quase tão estranha quanto a adolescência, mas sem os episódios de parvoeira.

06 maio 2008

Então o próximo é o quê?

Ora aqui está o que eu diria ser uma das mais frequentes perguntas do momento... o problema desta pergunta é que eu não entendo o que é que isto significa e invariavelmente pergunto algo do género "como assim?"

E cada um de vocês desse lado terá uma resposta na ponta da língua! Aceito com toda a naturalidade e provavelmente até dirão que é óbvio, mas não é! Cada pessoa tem uma resposta diferente para a minha pergunta "como assim?"

Há os filhos da quenga desdentada que perguntam se é um jogo a sério. Há os que perguntam se já é 3D, cuja quenga progenitora tem apenas mais alguma dentição por oposição à anterior. Há os que querem saber o tema, a jogabilidade, se tem gajas. Há quem queira uma cópia gratuita e eu ainda nem sei se sai, quanto mais o nível de dentição da mãezinha do estafermo.

Portanto... o próximo é o quê? E reparo agora o quão fantástico é esta questão. Já não estou excitado por nada que seja relativo ao jogo que não O JOGO em si. O resto é técnica, é know-how... agora o jogo... o jogo, independentemente do seu tema, do seu engine, das suas caracteristicas mais ou menos extraordinárias, o jogo, simplesmente o jogo, é o que me puxa e é absolutamente extraordinário como perdi o impulso de desatar a contar a toda a gente o que é que o próximo é. Talvez venha daí a dúvida.

05 maio 2008

Blindness

Já lá vão uns anos... um amigo meu tinha em cima da mesa um livro. Dado o autor perguntei-lhe o que achava, tantos eram os rótulos que lhe colocavam. Disse-me que o melhor era eu ler e em poucos minutos devorei o primeiro capítulo.

Desde então, não leio ficção de outro autor que não este. O livro era o "Ensaio sobre a cegueira" e o autor, auto-flagelem-se se não souberem, José Saramago.

No meio da escrita contorcida, dos diálogos que qualquer editor rejeitaria, não fosse o autor quem é, não consigo encontrar os defeitos que meio mundo lhe põe, talvez por não terem lido, mas só ouvido opinião de outro alguém que não o leu.

Mas depois do Ensaio Sobre a Cegueira, d'A Jangada de Pedra (livro e filme), do Todos os Nomes e do Ensaio sobre a Lucidez e apesar de pela primeira vez não ter conseguído acabar um livro do José Saramago, a saber As Intermitências da Morte - eis que o meu menino, o primeiro Ensaio, chega ao cinema com um elenco e um realizador simplesmente notáveis e com honras de abertura do festival de Cannes.

É com imenso orgulho que vos apresento o trailer e vos convido a ler Saramago. Experimentem... vão ver que não doi nada.