03 janeiro 2008

Investimento para...

Disseram-me à bocado que o Blodasse não se escreve sózinho... é triste mas verdade, por isso cá estou eu outra vez! Para chatear, com mais uma blogada completamente pessoal ligada ao trabalhar em casa, mais particularmente, ligada à vertente empreendedora da produção de videojogos.

Uma relação de negócio entre alguém que pretende iniciar uma actividade e alguém que tem dinheiro define-se da seguinte forma: o empreendedor é quem pretende iniciar uma actividade, o investidor é quem tem dinheiro que financie essa actividade. Simples não é? Not quite. O espectro de pseudo-empreendedores é incrivel. Não é preciso procurar muito para encontrar ou chegar a contacto com alguém que conheça investimentos onde o empreendedor não tem absolutamente nenhuma responsabilidade pelo investimento, ou seja, onde o empreendedor usou o investimento para comprar uns equipamentos, um softwarezito e não teve o cuidado de se preocupar com o negócio do investidor, com o lucro do investidor. Esta postura é literalmente matar a galinha dos ovos de ouro e afastar investimento futuro.

A questão que qualquer investidor inteligente colocará é: o empreendedor quer o dinheiro para quê? Agora ponham-se nos sapatos do empreendedor (se é que não o são ou querem ser) e digam a primeira coisa que vos veio à cabeça relativamente ao que se destina esse dinheiro... Repitam comigo "o investimento é para..." e completem a frase.

Quem disse "salários" ponha a mão no ar e repita comigo "eu preciso de alguém com dinheiro porque sou subsidio/investimento-dependente" e vão ver que assumir é o primeiro passo para a cura!

Eu não defendo que o investimento seja para salários porque a única coisa que isso cria é uma depêndencia de salários altos, demasiado altos, porque não há interesse por parte do empreendedor no ROI aka retorno do investimento. Nestes casos, leia-se na esmagadora maioria dos casos, o empreendedor relega para segundo plano tudo o que seja exterior à sua actividade, como a sua propriedade, o seu próprio investimento, porque tem as nalgas cobertas a ouro e se der merda, o problema é de outro.

Até defendo que se não houver a capacidade de criar riqueza que cubra esses salários, então, o empreendedor não é de facto um empreendedor, mas sim um trabalhador mais ou menos por conta de outrém. Infelizmente, as opiniões que recolho em relação a quem se queixa que não há dinheiro para o investimento, por exemplo, no desenvolvimento de videojogos, vêm tipicamente de quem nem é capaz de criar uma treta de um protótipo que cative investimento e esse sim, é natural que seja não só mas também para salários. Por outro lado, por incapacidade minha, não vejo que o investimento seja particularmente brilhante na medida em que patrocina a dependencia através de salários altos e da total descolagem à realidade de mercados.

Isto alastra-se a toda a sociedade portuguesa. Entende-se por investimento a capacidade de alguém pagar salários a quem quer ter um salário mais alto, não quer aturar patrões e não tem qualquer preocupação pelo negócio, seja ele qual for. Isto, não são empreendedores, são delapidadores de investimento...

Querem ter o vosso negócio? Querem empreender? Querem criar riqueza? Entendam o vosso mercado, os vossos riscos, criem um plano, um produto, algo palpavel e potencialmente consumivel, entendam que o negócio dos investidores é ter retorno do seu investimento e atirem-se de cabeça e sem olhar para trás. Não estejam à espera de mama, a menos que seja essa a vossa intenção.

Sem comentários: