29 novembro 2007

Os bons mas bons

Se eu fosse católico diria agora "só Deus sabe os problemas que vou arranjar por escrever isto" mas como não sou, cá vai.

Olhando atentamente para o fenómeno comunitário do GD-PT constato que se podem inserir os seus utilizadores em quatro grupos: os esperançosos, os bons, os profissionais e os outros.

Os outros... os outros sou eu por exemplo. Não deviam dar opiniões, mas dou é verdade, numa muito cool, mas não mostraram nada. Admito que há qualquer coisa que os faz mover. Eles sabem que têm ou vão ter qualquer coisa para mostrar em breve, mas retraem-se e trabalham. Não são tão poucos quanto isso, mas dependendo da sua personalidade dão ou não nas vistas. Apresentam os seus portfolios ao mercado independente, arranjam uns gigs, fazem pela vida.

Os esperançosos são malta normalmente mais nova. Dividem-se novamente nos desmiolados e no que eu gosto de chamar "a minha esperança no futuro". Estes miúdos (não me levem a mal que os 30 já lá vão) da esperança no futuro fazem coisas. Se calhar fazem mal, expõem mal, explicam mal, MAS FAZEM!

Os profissionais são os que fazem e se querem a minha opinião sincera, não têm a atenção que merecem. Na comunidade perde-se tempo a falar de merda importada em vez de se discutir e apoiar o que é feito cá e diga-se de passagem, pouco mas com qualidade.

E finalmente os bons... agora é que vai ser. Os bons não precisam de fazer. Os bons são. Os bons não participam em projectos pequenos porque não os motiva, só em cenas AAA apesar de eu não os ver a exporem-se ao mercado de trabalho independente e tiro desde já o meu chapéu aos que o têm feito, que eu tenha visto e saiba, um músico e um artista, mas esses não se incluem nos bons.

Estes bons dominam a paisagem. Não fazem nada, não fizeram nada, não são nada. No entanto entreajudam-se nas opiniões de caca, no manda-abaixo dos outros e dos esperançosos e ignoram os profissionais até haver uma oferta de emprego. Pessoalmente abomino os bons. Os que se catapultaram com uma música, com uma imagem, com duas linhas de código e com a sua pseudo-sabedoria adquirida de anos a lerem a net, experimentarem umas coisas e não fazerem nada. Há ainda um sub-grupo dos bons que trabalham, que participaram e participam em projectos, mas que são bons demais para a comunidade e que cada vez que abrem a matraca é para dizerem que a comunidade não vale nada e que se não fossem eles e os que a si se associam não havia gamedev em Portugal, esquecendo-se, digo eu, que se calhar sem a comunidade não estavam a trabalhar em gamedev.

Eu admito que sou absolutamente uma nódoa, ou pelo menos quero que seja isso que se pense de mim até ao dia B. Nesse dia junto-me aos profissionais, mas ser bom, pá, nunca mas nunca porque isso significa que tenho muito de absolutamente nada para dizer, ajudar, fazer ou concretizar.

Posso estar cansado da comunidade, principalmente por causa dos bons, mas nunca vou cuspir no prato onde comi nem me vou elevar acima dos miúdos que batalham na sua ingenuidade por perseguir um sonho.

4 comentários:

pcf disse...

Simplesmente brilhante :) Em mais de uma década de gamedev ja perdi conta aos bons que conheci, e esses bons eram tao bons que nunca vi nenhum jogo feito por eles, mas afinal eles nem precisavam porque eram mesmo BONS(*) :)


(*)-a falar

Raistlin disse...

Haha, que "kick in the nuts" para quem enfiar a carapuça.

Eu enfio a carapuça dos esperançosos.

Unknown disse...

eu sinto-me um esperançoso..até porque me reflicto um pouco na sua defenição, talvez eu faça as coisas mal e as esponha mal mas acabo por fazer alguma coisa.

Luís disse...

BONS a falar esses é que são os melhores !!

O mais engraçado é quando os "outros" tem que fazer o seu trabalho e dos que são BONS a falar...