Regra geral não me queixo do serviço público. Compreendo que há muitos mais problemas do que o comum cidadão entende ou quer entender. Acho até que o cidadão português é, regra geral, uma pobre alma, desconhecedora de direitos e deveres que só sabe queixar-se do que não sabe influenciado pela comunicação social.
Mas há alturas em que simplesmente temos de nos fazer valer dos nossos direitos e tal aconteceu hoje.
Eu e a minha mulher fomos com a Daniela à Segurança Social dado que esta ainda não se muniu de muitas das facilidades que por exemplo as Finanças têm com serviços online. Na triagem um segurança tirou uma senha prioritária dada a existência de uma criança de colo. Havia um balcão de atendimento prioritário com uma funcionária.
Já fiz alguns trabalhos de reengenharia de processos e haver um balcão prioritário é simplesmente contraproducente. Todos os balcões de atendimento geral deviam, automaticamente, chamar uma senha prioritária caso esta exista. Os sistemas de tickets que conhecemos um pouco por todo o lado fazem-no, simplesmente não é implementado... mas passemos à frente.
É chamada a senha 7 e lá foi um casal em que a mulher estava grávida para o balcão de atendimento prioritário. A nossa senha era a 8. É chamada a senha 8 ainda o casal da 7 estava no balcão porque não tinha preenchido não sei bem o quê. Enquanto nos dirigíamos para o mesmo, a funcionária ausentou-se. Comecei a contar os minutos...
10 minutos mais tarde, perguntámos pela funcionária a uma outra funcionária e recebemos a resposta "a colega já vem"... não foi à tropa a senhora, para conhecer a definição de colega que me ia na cabeça.
Entretanto começou a montar-se o bruburinho do portuguesito que se queixa de porra nenhuma, porque "são todos iguais", porque "o governo é que tem culpa", enfim, aqueles clichês bacurantes que não adiantam de nada.
15 minutos depois e porque não tenho paciência para ouvir gente a queixar-se sem fazer nada, dirigi-me ao segurança e pedi o livro de reclamações que me foi prontamente entregue. Enquanto o escrevia chegou a funcionária que, interpelada por quem estava ao balcão respondeu e passo a citar: "Tenho direito às minhas pausas" esclarecendo também que tinha ido tomar o pequeno almoço.
Fui ter com a funcionária e disse "Bom dia, pode-me dizer o seu nome por favor?" e recebi a resposta "Cintia". "Muito obrigado." retorqui e adicionei o local, a hora, o balcão e o nome da funcionária à reclamação.
Não tenho nada contra o direito que a funcionária pública Cintia usufruiu. Estou contra sim, a existência despropositada de um balcão que sendo prioritário era o mais lento de todos e do pedantismo bacoco com que um funcionário do Estado Português (que somos todos nós) chama mulheres grávidas e com crianças recém-nascidas e se ausenta sem sequer lhes dar uma satisfação deixando estas pessoas, cidadãos, utentes e contribuintes do seu salário, cujo estatuto de prioritário lhes confere um tratamento de excepção mais de meia hora de pé com crianças nascidas ou por nascer, sem conforto, sem cuidado, sem uma pinga de humanismo.
No fim, veio a mim o segurança a querer-me explicar o quão difícil é a vida e eu tenho de compreender que uma criança com 3 anos não é propriamente um bébé de colo, logo não tem prioridade, como se eu tivesse alguma coisa a ver com as criancinhas que lá andavam a correr. Apontei para o carrinho e disse "a minha filha tem 15 dias e foi você que me deu a senha prioritária." Ia o homem interpor uma qualquer verdade absoluta que não me interessava quando a Daniela começou a chorar no carrinho e interrompi-o "não se tratam mulheres grávidas e crianças como gado, porque se eu tivesse outra senha não prioritária, já estava despachado."
E deixaram de haver argumentos, até porque eu não vociferava, não gritava, não me debatia com os clichês. Eu simplesmente tinha razão e não haviam argumentos que combatessem isso.
Mas há alturas em que simplesmente temos de nos fazer valer dos nossos direitos e tal aconteceu hoje.
Eu e a minha mulher fomos com a Daniela à Segurança Social dado que esta ainda não se muniu de muitas das facilidades que por exemplo as Finanças têm com serviços online. Na triagem um segurança tirou uma senha prioritária dada a existência de uma criança de colo. Havia um balcão de atendimento prioritário com uma funcionária.
Já fiz alguns trabalhos de reengenharia de processos e haver um balcão prioritário é simplesmente contraproducente. Todos os balcões de atendimento geral deviam, automaticamente, chamar uma senha prioritária caso esta exista. Os sistemas de tickets que conhecemos um pouco por todo o lado fazem-no, simplesmente não é implementado... mas passemos à frente.
É chamada a senha 7 e lá foi um casal em que a mulher estava grávida para o balcão de atendimento prioritário. A nossa senha era a 8. É chamada a senha 8 ainda o casal da 7 estava no balcão porque não tinha preenchido não sei bem o quê. Enquanto nos dirigíamos para o mesmo, a funcionária ausentou-se. Comecei a contar os minutos...
10 minutos mais tarde, perguntámos pela funcionária a uma outra funcionária e recebemos a resposta "a colega já vem"... não foi à tropa a senhora, para conhecer a definição de colega que me ia na cabeça.
Entretanto começou a montar-se o bruburinho do portuguesito que se queixa de porra nenhuma, porque "são todos iguais", porque "o governo é que tem culpa", enfim, aqueles clichês bacurantes que não adiantam de nada.
15 minutos depois e porque não tenho paciência para ouvir gente a queixar-se sem fazer nada, dirigi-me ao segurança e pedi o livro de reclamações que me foi prontamente entregue. Enquanto o escrevia chegou a funcionária que, interpelada por quem estava ao balcão respondeu e passo a citar: "Tenho direito às minhas pausas" esclarecendo também que tinha ido tomar o pequeno almoço.
Fui ter com a funcionária e disse "Bom dia, pode-me dizer o seu nome por favor?" e recebi a resposta "Cintia". "Muito obrigado." retorqui e adicionei o local, a hora, o balcão e o nome da funcionária à reclamação.
Não tenho nada contra o direito que a funcionária pública Cintia usufruiu. Estou contra sim, a existência despropositada de um balcão que sendo prioritário era o mais lento de todos e do pedantismo bacoco com que um funcionário do Estado Português (que somos todos nós) chama mulheres grávidas e com crianças recém-nascidas e se ausenta sem sequer lhes dar uma satisfação deixando estas pessoas, cidadãos, utentes e contribuintes do seu salário, cujo estatuto de prioritário lhes confere um tratamento de excepção mais de meia hora de pé com crianças nascidas ou por nascer, sem conforto, sem cuidado, sem uma pinga de humanismo.
No fim, veio a mim o segurança a querer-me explicar o quão difícil é a vida e eu tenho de compreender que uma criança com 3 anos não é propriamente um bébé de colo, logo não tem prioridade, como se eu tivesse alguma coisa a ver com as criancinhas que lá andavam a correr. Apontei para o carrinho e disse "a minha filha tem 15 dias e foi você que me deu a senha prioritária." Ia o homem interpor uma qualquer verdade absoluta que não me interessava quando a Daniela começou a chorar no carrinho e interrompi-o "não se tratam mulheres grávidas e crianças como gado, porque se eu tivesse outra senha não prioritária, já estava despachado."
E deixaram de haver argumentos, até porque eu não vociferava, não gritava, não me debatia com os clichês. Eu simplesmente tinha razão e não haviam argumentos que combatessem isso.
3 comentários:
acho que cada vez que alguem argumenta validamente e com calma contra estereotipos, nasce uma estrela!
até pk se tu tivesses gritado, no final a unica coisa que o gajo se ia lembrar era "depois o gajo começou práli aos gritos!"
sabe-te tão bem ouvir estas historias!
heheh concordo com o shor pito , era correr tudo a chapada, e depois sim quexar-me , acho que um bom "bitching" tambem faz bem pa.
P.S - para aqueles que n perceberam estou a ser ironico.
ser IRONico é ser como o IRONman? é que se for, eu quero ser!
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