07 abril 2008

Vinde a mim oh deuses do superior intelecto académico

Sim, é verdade estou com uma neura! Estranhamente esta neura não se abateu sobre mim devido ao que vou falar, mas sim ao facto de ter dado banho ao Giga este fim de semana e graças à chuva ele tender a ficar com o mesmo fedor em dois dias... mas pronto, eu aguento.

No entanto e para não bater no cão, decidi vir aqui falar de uma sub-espécie de ser humano que me atormenta os neurónios. Os deuses do superior intelecto académico! Quem são eles? São as criaturas cuja triste existência é dedicada a tentar demonstrar que têm um conhecimento profundo e uma experiência de vida baseados em estar enfiado dentro de uma universidade que nos transcendem a nós, meros mortais.

Aqui fica uma típica conversa com uma criatura dessas, quase citada... quase... que ocorreu para aí à um ano, daí o "quase".

Deus do Superior Intelecto Académico: Então e o que fazes?
Eu: Faço jogos...
DSIA: Não, não, trabalho mesmo...
Eu: Faço jogos, saí do emprego onde estava para fazer jogos.
DSIA: Excelente! O que é que fazias antes?
Eu: Era consultor sénior numa empresa de TI.
DSIA: Alta massa! E saíste?
Eu: Saí. Aquilo dá cabo da saúde de um gajo.
DSIA: Porquê?
Eu: Muito stress, pressão e responsabilidade.
DSIA: Só isso? Não entendo como é que isso dá cabo da saúde de alguém.
Eu: Não? Pronto, ok.
DSIA: Isso foi quando?
Eu: A primeira, num projecto da Expo 98.
DSIA: A primeira? Quantas foram?
Eu: Três. Mas já agora, tu fazes o quê?
DSIA: Estou na universidade.
Eu: Ah! Ok! Então quando trabalhares a gente fala.
DSIA: Ya! LOL!

E podia continuar a dar-vos versões de conversas deste género, onde qualquer experiência de vida real que eu tivesse era sobreposta pela frase "mas numa cadeira que eu tive, o prof disse..." Meus amigos, é que nem com as cadeiras todas do D.Maria lá vão... Já tive o "prazer" de entrevistar recém-licenciados que queriam ganhar o triplo do que ganhava um experiente quadro superior porque "um prof lhe disse que um engenheiro ganhava X".

A minha questão é: quem é que lhes passa esta mania do superior intelecto académico? Quem é que isto beneficia? É que visto daqui de onde estou... ninguém sai beneficiado com isto.

6 comentários:

DiogoNeves disse...

Ah, mas um prof meu disse que saía pessoal beneficiado! E disse até que eram muitos, aos montes!

Isto que vou dizer a seguir pode ofender muitos mas se for o caso é porque não me perceberam :P ihih

Eu acho que uma diferença nos termos empregues na universidade alterava muita coisa.
Basicamente o pessoal como vai para a universidade aprender "ensinados" por "professores" olha para os profs como "as verdades absolutas". Se passarmos a ver a univ como um sítio onde se aprende "orientados" por "orientadores" percebemos que os profs não são deuses mas só alguém que já pensou mais no assunto do que nós (o que não implica que o saiba melhor!).
Os profs são realmente bons (alguns) em ajudar-nos na procura de "um caminho académico", seja informação, livros, contactos, projectos de investigação. Mas aprender à séria, só mesmo a trabalhar ;)
Mas admito que a univ é um sítio óptimo para ganhar ritmo de trabalho (mesmo que ainda falte muito) e aprendermos a aprender!

E termino dizendo que, professora é a minha mãe ;) que me ensina a mim muita coisa e aos alunos dela a ler, escrever, contar, imaginar, conviver etc! Isso sim, são verdades absolutas para mentes ainda por moldar!
Agora na univ... epá, somos todos adultos! Pensamos com as nossas cabecinhas ;)

(Espero ter-me explicado como deve ser ;) )

Tadeu_o_fartador disse...

sei exactamente do que falas, os meus familiares acham que nao sou ninguem sem um curso superior mas ja ganho o dobro que eles ganham e so tenho 21 anos heheh...

conversa tipica :

Entao estas a estudar em que universidade ?

eu : em nenhuma, ja trabalho

Ah, mas convem teres formacao superior, nao consegues bons trabalhos sem isso , so assim ganhas muito dinheiro

eu : pois , o meu objectivo e ficar milionario.

Grande post shor vlad ! concordo a 98%

"C.G." disse...

Pois, eu tinha essa mentalidade de que "quem não tem curso de universidade, não sabe fazer nada", e andava a ser impingida pela minha mãe para fazer o ano de mestrado, com a mania de que se eu não o continuar agora, que mais tarde vou ter muitas dificuldades a regressar à universidade para o fazer, etc.

Mas a meu ver, consigo um melhor aproveitamento e aprendo mais com um estágio ou a começar já a trabalhar, do que terminar este mestrado. Para mim, passar mais um ano neste mestrado, é deitar um ano da minha vida ao lixo, já sei que não tenho paciencia para andar com teses sobre coisas que interessam mais aos professores do que a mim.

Já agora, projecto para a Expo 98? Por acaso ouviste falar num designer chamado Henrique Cayatte? Ele foi meu professor, e anda a dar conferencias aqui em Aveiro. Duas das conferencias foram acerca da Expo 98, porque ele esteve envolvido na sináletica deles, entre outras coisas.

Marco disse...

Henrique Cayatte é provavelmente o mais famoso designer portuguese, e provavelmente o que melhor fala de design. eu por acaso nunca tive a oportunidade de falar com ele mas goste de ouvir muitas das coisas que ele disse, uma das quais:" a minha formação nao foi propriamente na universidade, mas com as pessoas com quem falei, os livros que li, os sitios que visite" qq coisa assim. o que principalmente agora, para mim faz um sentido incrivel, so de pensar naquilo que cresci como pessoa depois do curso, comparando com o tempo em que tive a aprender design de profs que deviam saber tanto de design como eu das varias especies de hortaliça.

"C.G." disse...

Sem duvida, mestre do pito.

O Henrique Cayatte é (de longe) o melhor professor da área de Designer que esta Universidade tem. Enquanto que os outros professores têm a mania que são superiores a nós porque sabem o que é design e tem as suas manias, ele é capaz de estar perante nós, não como designer, mas como uma pessoa que está pronta a partilhar o seu conhecimento connosco. E isto é magnifico.

Eu tenho o vicio de me distrair com desenhos durante as aulas teóricas. Com ele, isso não acontece. E ele goza connosco! Descasca-nos sempre que apresentamos alguma coisa com erros ortográficos, não pode ver Arial à frente dele, e uma vez, virou-se para mim quando estive a apresentar os meus desenhos de uniformes para um projecto, a dizer "Aquele tipo, de cabelo espetado, deve ter vindo de uma noitada na discoteca."

Ele fala-nos de tudo, é impecável como professor. Fala-nos tanto sobre Design, como as suas experiências pessoais e até mesmo as mais anedóticas.

DiogoNeves disse...

C.G. era quase aí onde queria chegar com a história dos "orientadores" ;)