20 outubro 2007

Uma escada complexa

Como tantos outros, comecei com grandes sonhos e vim descendo as minhas expectativas até ao exequível. Como tantos outros, sinto-me ligeiramente ofendido pelos que estão a começar com grandes sonhos, como se tivesse entrado nesse clube elitista dos que têm sonhos realizáveis.

No entanto sinto que esta ligeira ofensa auto-infligida é injusta para os que estão a começar com grandes sonhos e é por isso que escrevo este post. É uma espécie de mea-culpa, castigo e absolvição. Para isso vou tentar explicar porque é que dizemos "começa com coisas mais simples e vai aumentando a complexidade" em vez de simplesmente dizê-lo.

Primeiro convém entender porque é que os projectos demasiadamente ambiciosos não são exequíveis: porque são complexos. Isto toda a gente sabe. O problema é que normalmente quem está a começar assume que irá demorar mais tempo e aprender a lidar com essa complexidade sem entender que está a lidar sim com o nível mais alto da mesma. É como se quiséssemos subir uma enorme escada a começar no ultimo degrau sem passar por todos os outros. As pernas não são compridas o suficiente para lá chegar. Bottom line é que um novo developer assume que é uma questão de tempo e não é verdade se estiver a começar por um projecto cuja complexidade técnica lhe quebre a produção e evite que possa aprender.

A comprovação disto são por exemplo os jogos online, browser-based. Assumo que quem criou jogos de sucesso para esta plataforma tem um conhecimento de desenvolvimento de sites com conteúdo dinâmico, ou seja, retira imediatamente da escada os primeiros degraus: a componente técnica. Podem até não ter conhecimentos profundos de design, de produção ou artísticos, mas conseguem criar e colocar em prática as suas ideias. Ao fazê-lo estão a criar as suas próprias técnicas de design e a apurar o seu processo de produção. As questões ligadas a gráficos são conhecidas porque já as conhecem da sua experiência.

Por isso, nada como começar por algo que já entendemos e ir dominando as técnicas necessárias, uma a uma. É por isso que se insiste tanta vez que se comece por algo menos complexo.

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